Minha casa tem três andares, quatro quartos ela é grande. Primeiro andar , a garagem meu atelier de florista
Segundo andar, quintal com churrasqueira e jardim, 2 varandas em cima os quatro quartos que estamos fazendo reforma . Para chegar até eles tem um corredor em L. Os quadros do Filipe, estavam se acumulando, então resolvi coloca-los neste corredor.
Virou uma exposição permanente para todos na casa. Ao andar por este corredor cheio de cores e imagens, sinto a presença de Filipe, que tinha tudo para ficar no ostracismo e no silêncio próprio do autista. Mas está aqui falando para todos nós. As imagens me acompanham enquanto caminho pelo corredor.Me seguem. Interrogam.Quanta coisa ele pintou! Quantas palavras estão aqui nestas cores. Angústias, alegrias, indecisão, ousadia, pedidos ! Sentimentos! Palavras não reveladas , mas expostas , esperando uma tradução. Eu não sei decifra-las. Só sei que foi por instinto de mãe e com ajuda de muitas orações ao Meu Deus Todo Poderoso que chegamos aqui. Os quadros já tiveram compradores. Não muitos, mas tiveram. Não vendi. Não sei porquê mas eu sinto que estes quadros podem ajudar outras crianças com autismo. Se eu vende-los, vão ficar perdidos e assim uma história poderá não ser contada e decifrada. A pouco tempo recebi uma proposta , um centro de artes dentro de uma faculdade, onde eu usaria o método que usei com Filipe.Isso não precisa de formação, o único requisito é o amor de mãe. Iríamos ajudar outras crianças com arte. Lá já tem uma brinquedolandia. Os quadros do Filipe ficariam expostos numa exposição permanente esperando, as próximas criações do Centro de artes para autistas chegar. Seriam a garantia desta possibilidade. Serviria também para os alunos e professores de psicologia estudar e gerar confiança e crença nos autistas. Teríamos reuniões com os pais e visitas nas suas casas, orientando como ajuda-los. Estou estudando a proposta, quero muito ajudar, eu me vejo abraçando cada criança com autismo querendo ajuda-las, mas tenho que pensar. Estou num estágio de florista ,onde já sou respeitada pelo trabalho que faço. Isso leva vários anos para chegar onde estou. Para trabalhar num centro assim teria de deixar de trabalhar como florista. E eu não posso deixar de ganhar meu dinheiro, porque estou pensando no futuro de Filipe.No Centro de artes eu não ganharia nenhum tostão. Fico confusa, porque quero ajudar. E ao andar por este corredor, vendo cada quadro desta exposição solitária .Me pergunto.
Que devo fazer???
Ray
Amiga,
ResponderExcluirNinguém te pode ajudar na decisão, que é dificíl...
Que tal tentar que analisem os quadros nesse centro ficassem em exposição para analise, continuando a ser vossos, no fundo o que todos pretendemos é que entendam os nossos filhos abrindo essa janela para o mundo...
bjinhos
Oi Mina, amiga , voce não entendeu...
ResponderExcluirOs quadros continuariam sendo do Filipe , sem os vender, apenas para mostrar ser possível que o autista pode fazer. Eu até venderia se benefiasse Filipe, colacaria na poupança pra ele para o seu futuro.
O que eu quero ajuda é se eu paro tudo que faço para me dedicar a um projeto destes. Entende?
Beijos.
Ray
Lool Ray
ResponderExcluirEu entendi, que não podes deixar ter emprego como é natural.
O que eu quiz dizer é que podias liberar (é assim que se dia aí) os quadros de Felipe para exposição e analise nesse centro. E que houvesse até pessoas que podessem lá acompanhar Felipe que ele podesse fazer ao vivo, poderia ser bom para auto-estima dele...
bjinhos
Olá Ray,
ResponderExcluirAo ver este seu blog lutador e belo senti uma enorme vontade de continuar o aromas...
Ray, já deve ter falado com muita gente. Já fez exposições com os quadros do Filipe. Não existe nenhuma entidade/associação interessada em promover exposições e actividades dos autitas no Brasil?
Força Ray e abraceijos para si e para o Filipe