Biografia Pintor autista Filipe Mélo.

Biografia Pintor autista Filipe Mélo.
Filipe Mélo é um pintor que tem autismo.Autodidata. Pintura à óleo abstrata. Sua pintura é o vem de dentro dele! Filipe Mélo é não verbal, mas fala através das suas pinturas! Exposições:Mostra Morar mais por Menos RJ e Feira Reacess RJ. Entrevista na GNT. Parque das Ruínas. Santa Teresa RJ.Revista:Entender a mulher. Editora Moi SP.Exposição na morar por Menos Lagoa RJ. Correio da Manhã- Portugal. Coluna. Lídia Soares.Revista Época . Entrevista Cristiane Segatto. Contato rayefilipe@gmail.com tels 21 98362-3005 -21 98048-8301-21 98373-6953

sexta-feira, 5 de março de 2010

Meu depoimento sobre o autismo.

Bem minha história com Filipe é muito parecida com muitos pais de filhos com autismo.

Filipe nasceu normal, se desenvolveu bem, inclusive falando muitas palavras, e até ensaiava musicas do tipo Boi Da Cara Preta,. Era um menino alegre, participativo que corria ao encontro do pai , alegre feliz.
No entanto a partir de um ano e meio foi ficando bem mais quieto, já não respondia aos estímulos das palavras , brincadeiras e interação. Percebi que algo estava errado, mais jamais iria entender a extensão do problema. Na pediatra, desconfiaram de surdez, pólipo na garganta, enfim exames e mais exames... Matriculei-o na fono, terapia ocupacional e nada.....mais exames, tomografias, exame de x frágil, cromossomo . Meu menino cada dia mais distante de mim e de todos. Em 1985, os médicos não identificavam autismo como hoje. E foi difícil saber que Filipe tinha. Até aos oito anos. Foi aí que encontrei a psiquiatra infantil Dra. Maria Cristina Abreu, que não me disse de imediato o que ele tinha, me preparando primeiro para lidar com ele. Eu nunca desisti de Filipe, eu buscava um jeito de acha-lo, falava sòzinha com ele, contava tudo que acontecia, para ele não perder nada no nosso mundo. Parecia uma doida contando histórias para ele, que nunca me dizia o que achava delas e às vezes até me ignorava.

Desde pequeno, dava-lhe canetinhas e papel para ele rabiscar. No começo era rabiscos, que eu guardava numa pasta encadernada e folheava na frente dele, mostrando que eu gostava. E aí ele passou a desenhar algo que parecia o que ele coloca nas telas hoje. Minha casa virou um atelier. Cheio de quadros por toda a parte.
Entusiasmei-me com isso. Sentia que era um canal, para ele me contar mais sobre ele.
Hoje Filipe pinta, se acalma com sua arte, e eu o sinto mais perto de mim.
Quando termina um quadro me entrega e ri muito dos meus elogios eloqüentes.
Esse momento é mágico e me sinto a mãe mais feliz do mundo!
Hoje em dia Filipe fala algumas palavras, e muitas vezes escreve o que quer ,ou gesticula .É sociável carinhoso e freqüenta todos os lugares da nossa sociedade , se comporta muito bem e recebe muitos elogios por ser tão educado e comportado.
Para as mamães e pais que hoje se deparam com o diagnóstico do autismo, eu lhes digo, que hoje em dia autismo pode ser tratado, com um tratamento individualizado que supra as necessidades de seu filho, abrangendo as áreas que ele tem mais dificuldade, que podem ser habilidades, desenvolvimento social,comunicação, comportamento e integração sensorial. Mas o que acho o melhor tratamento é o nosso amor, nossa fé nas capacidades deles e a esperança de vê-los cada dia melhor, sem ficarmos ansiosos ou desesperados para uma cura. Vou contar uma breve experiência.
Escrevo um livro sobre Filipe desde quando ele era pequeno, é como um diário e eu sempre pensava como ia termina-lo.
Um dia quando ele estava com dezesseis anos, deu uma convulsão, desmaiou e ficou com a boca roxinha. Quase enlouqueci de vê-lo assim. Foi um momento muito difícil.
Quando ele voltou a si, eu compreendi que não me importava, se ele falasse ou ficasse normal, o que eu queria era simplesmente tê-lo, perto de mim do jeito que ele é.
Para mim Filipe não é problema, mas uma benção que me ensinou muitas coisas............

 Ray

 Meu depoimento também está registrado em http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/sections/index.php?op=listarticles&secid=1